Pacote de Sartori deve deflagrar reações proporcionais à extensão das medidas

Correio do Povo

Batizado de “Um novo Estado, um novo futuro”, o pacote de projetos e decretos do governo deve ser confirmado, de fato, como o mais amplo da história do Rio Grande do Sul. Com medidas duras, que têm o objetivo de viabilizar a sustentabilidade financeira do Estado, o pacote colocará em discussão temas que se transformaram em tabus, como o fechamento de estatais e o tamanho necessário da máquina pública. As reações e resistências às propostas devem ser proporcionais à extensão e profundidade do pacote, que visa redução drástica da administração indireta, com demissões, diminuição de secretarias, alterações em transferências constitucionais de recursos para os demais poderes, ampliação do sacrifício do funcionalismo público e redução de benefícios a empresários.

Ao enviar o pacote para a Assembleia, o governo estará comprando brigas simultâneas com diversos setores e corporações. Algumas destas, nada acostumadas a perder benefícios - e privilégios - e a darem suas contribuições pessoais para o bem do todo. Sustentando repetidas vezes o discurso de que não teme desgastes, tampouco o reflexo das medidas em seu futuro político, o governador José Ivo Sartori irá para o tudo ou nada definitivo com a justificativa de que este é o único caminho para evitar a insolvência do Estado. Resta saber se parlamentares de partidos da base aliada terão a mesma convicção e resistirão à pressão.

Teste para a articulação

A aprovação do pacote, ou pelo menos de parte dele, será um teste para a articulação política do Executivo. O governador deve assumir pessoalmente as conversas com os presidentes de poderes que serão atingidos por algumas medidas. Em função de reclamações sistemáticas sobre a atuação da Casa Civil, boa parte da condução do processo deve recair sobre o líder do governo na Assembleia. Gabriel Souza está no primeiro mandato, tem 32 anos e é o deputado mais jovem da Casa. “Cria” de Eliseu Padilha, Gabriel provavelmente enfrentará o maior desafio de sua trajetória parlamentar.